Nem sempre é tão simples falar quando se tem um turbilhão na cabeça. Enxurrada de sensações, saudades, sentimentos... Uma avalanche de emoções! É tanta coisa que fica complicado traduzir em limitadas palavras, nesse momento só o silêncio tem o tamanho exato pra tudo o que acontece.
No silêncio cabe o choro que fora contido, o riso das lembranças do que um dia foi concreto, a certeza de que lá na frente tudo ficará bem, de que toda situação é finita, tem prazo de validade! Só por meio do silêncio temos a grande oportunidade para refletir. Só calando podemos olhar pra dentro de nós e perceber o que precisa ser alterado, transformado, ajustado para que sejamos melhores.
Só o silêncio garante a audição perfeita para ouvir as estratégias certas vindas da pessoa certa, para agir, para ir em frente, para dar o passo quando necessário, para recuar quando for preciso.
Eis o meu momento: silenciar, ponderar, rever conceitos, me reconstruir, me garantir um tempo para ouvir o que se passa em mim e não mais o que os outros querem que eu revele ser. Sair um pouco da postura de forte e inabalável, ser sincera comigo mesma e assumir minha humanidade, minha fragilidade. Entender que todo mundo tem altos e baixos e que por isso mesmo todos tem direito a um momento para se reinventar, resgatar a essência que os problemas tentam manchar e não há melhor aliado para fazê-lo do que o silêncio.
Muito mais do que a ausência de ruídos, o silêncio transforma-se em esperança, na tentativa de olhar dentro dos meus próprios olhos, de ficar cara a cara com meu próprio eu, sem me importar com o que pensem ou conjecturem ao meu respeito. O meu silêncio é meu, tão somente meu. Meu espaço, meu momento, minha hora, minha oportunidade de reconstruir os castelos que as ondas derrubaram, de reescrever os textos que o tempo apagou, de permitir que renasçam os sonhos que as circunstâncias tentaram frustrar. É no silêncio que consigo ouvir o barulho de que uma nova história baterá à minha porta no tempo oportuno.
Camila Matos